quinta-feira, 31 de março de 2011

LIÇÃO DA NATUREZA

Em um dia de outono, sentei-me diante meu jardim e fiquei a observar as folhas mortas que caem com o balançar do vento.
Até na natureza, Deus dá chegadas e partidas, oportunidades de idas e vindas.

Fôlhas mortas...

Enquanto foram vidas e fôlhas, quanto se enroscaram uma nas outras com o balançar do vento! Quantas, derrubadas antes do tempo na mão que poda, que as retira de seu habitat natural ou quando enfrentam sol, tempestades, vento, agarradas em seus galhos. Apenas fôlhas. Fôlhas sem destino, afinal, tudo é vida. Verdes a principio, amareladas e com o tempo caídas, adubo de novas e outras verdes vidas.


Ainda sentada no jardim, continuo a observar me deparando com uma trilha de formigas que passam diante de mim. Uma fila desses minúsculos insetos vem colaborando com sua comunidade em busca de suprimentos, aguardando o inverno que está para chegar.


Trabalham arduamente, somam para depois dividir, respeitando a lei da sobrevivência. Todas as formigas carregam pequenas fôlhas seguindo para o mesmo enderêço.

Noto que uma delas, tem um enorme fardo, maior do que pode carregar, um pouco anda e um pouco para, tentando conseguir forças para prosseguir.

Porém, uma de suas companheiras sem carga nas costas, nota o imenso esforço e vindo do final da fila, coloca-se a andar rapidamente e vem socorrer sua exausta semelhante. Seria intuição? Inteligência, para tão pequenino inseto? Onde teria aprendido a solidariedade?

Então, se coloca perto da companheira e juntas dividem o pêso, caminhando no mesmo compasso lado a lado e eu ali vendo diante de meus olhos esta cena acontecer.


Logo, penso no quanto tenho que crescer. Sou menor do que estes pequenos insetos sem cérebro, sem coração, sem emoção...


Seguem as duas até o local do depósito e entram no ninho e somem diante de meus olhos. Acompanho o restante da longa fila que vem atrás e me levanto. Olho para o céu e me pergunto:


- Quem somos nós? Tantos Mestres, tantos Gurus e ainda nem sabemos repartir nem dividir o pêso da vida com um desconhecido.


Muitas vêzes, nem ao menos com aqueles que nos dão "bom dia" todos os dias, que dormem no mesmo teto e temos como companhia. Encontrei sabedoria, solidariedade e harmonia, lição de vida em um pequeno jardim.

Olho para o radiante sol e reflito...


Fôlhas